segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vem chegando o verão...

... um calor no coração.
Pois, se é inevitável, que venha!
Hoje foi um feriado de sol, não desde cedinho, mas abriu. Abriu a porteira do inferno!
Sabe aquela horinha,depois do almoço quando a gente resolve praticar a milenar arte do horizontalismo meditante? Não sabe? Deitar, refletir sobre a existência e dormir.
Pois bem, justamente nessa hora os vizinhos, amáveis e educadíssimos, resolvem fazer um...? Quem adivinha? Churrascoooooooooooooooooo! Oba! Aquele cheirinho de campo de concentração, aquela fumaça invadindo todos os cantos do apartamento, numa espécie de defumação anti-espiritual. O nome do incenso era picanhastva shivananda gordurosa. Indiano legítimo. Aliás, como lá na Índia as vacas morrem de velhas, estão agora usando os restos mortais pra produzir esses incensos muito apreciados pelo pessoal que é adepto do churrasco. Para usar todo dia e se sentir na laje, eternamente.
Para completar a vizinha de cima resolveu executar um ritual de limpeza da casa, uma coisa de Pai de Santo, onde todos os móveis foram arrastados e muitas batidas no chão foram dadas, acho que para espantar os eguns, ou para me enlouquecer, talvez.
Mas então, voltando, resolvi dar uma voltinha, uma caminhada, já que a possibilidade de meu projeto inicial ter êxito era remotíssima. Tinha uma música de bate-estaca que comprimia meus neurônios, tão sensíveis e acostumados aos sons do silêncio e da música boa. Pelo menos não era pagode, era um negócio meio Techno.
Saí. Ventava bastante, mas a praia ainda estava bem cheia. Que lindo o festival de corpos seminus! É o Rio de Janeiro. É a Urca, onde mora o Roberto Carlos, a Zélia, Duncan, o Lenine, a Lúcia Leme, a Dorys Daher, o Marium Victor, o Tomas Gonzaga e outros famosos menos conhecidos.
Todas aquelas mulheres, homens e até crianças exibindo suas formas, me lembrou um documentário da National Geografic que estive assistindo. Tudo muito lindo.
E mais churrascos, muitos, na areia, na calçada, que os tempos estão bons, o povo está tendo acesso aos alimentos como nunca! É o governo do PT, sem dúvida.
Estava meio difícil caminhar na calçada, porque as pessoas estavam tomando conta de tudo. Era a hora das fotos. Eu acho que atrapalhei umas trinta e sete fotos de famílias, mas colaborei com três casais promissores que queriam aparecer juntinhos com a casa do Roberto Carlos atrás, sabe como é?
Muitos Chevettes arriados com o peso das cervejas que acompanharam as lingüiças, muitos Jefferssoonnss, Jenniffeeress, Yasmyns e Estephaniyes se jogando no chão, porque a mãe não queria comprar mais um Fofurão com Guara Plus.
Quase tropecei em duas criancinhas adoráveis que tinham inventado uma brincadeira muito singela: arrancar pedras portuguesas da calçada e atirar pela mureta, tentando acertar os pequenos sirizinhos que ficam se alimentando sobre o enrocamento (ui, é isso mesmo). Quem manda ser siri numa cidade grande e animada como o Rio de Janeiro? Aqui não é lugar pra quem quer ficar de bobeira, comendo areia.
Finalmente encontrei uma pessoa normal, que caminhava, o Hélcio Cáfaro, meu amigo baterista-vegetariano-tatuado, ele alheio a tudo. Acho que o vegetarianismo torna as pessoas mais pacíficas. Vou experimentar.
Enquanto isso vou tomando chá de louro, porque esses aborrecimentos me provocam dor de estômago. E também é digestivo. Confesso que comi um salsichão com farofa de areia e tomei uma cerveja que me ofereceu um pescador na mureta. Muito romântico. Entrei no clima.
Agora já estou de volta e daqui a pouco tudo se acaba.

5 comentários:

MTB disse...

Politicamente incorretíssima esta postagem. Lamento. Estou nesse clima, hoje.

cecilia disse...

Aiii..meu dia de churrasco foi ontem!!Aquela chuvinha gostosa...bom para ficar de bobs em casa...e começou o pagode...fechei a janela,liguei o ventilador,passei pro ar condicionado...mas não adiantou...acabei saindo de casa...pelo menos assim eu me divertia e eles também...Quando voltei já tinha acabado.Mas confesso que é difícil ficar zen nessas horas.É um exercício de paciência e tolerância super humano!

cecilia disse...

Aí Teca,no lugar de super é para colocar supra...;-)

CHRISTINA MONTENEGRO disse...

Tudo está sempre começando...
+BJS!

Anônimo disse...

Lá atrás de casa tem uma filialzinha do inferno também: tem pagode 2X por semana, acho que vc já até escutou uma vez. E olha que a minha cidade nem é tão animada como o Rio... mas não tem jeito: a gente sempre vai encontrar esses malas pela vida afora. Acho que até no Alaska deve ter um baranga ouvindo pagode!!!
Bjs,
Cecília