domingo, 5 de setembro de 2010

Saudades


Para Cora Coralina

Preciso partir deste lugar. Minha vida não cabe neste ambiente tão sofisticado e cheio de tecnologias.

Quero uma casa como a de Cora, pregada sobre um rio, com grandes janelas e extensas sombras ao cair da tarde. Aqui não há sombras. Só o sol inclemente e os uivos incessantes dos freios e das sirenes.

Quero um quintal com a terra exposta, quero regar as plantas do jardim e pisar na relva fresca. Preciso cozinhar olhando pela janela, um cão deitado na soleira da porta, aguardando os restos do almoço desfrutado longamente.

Quero o som do vento em árvores e não o zumbido frio das frestas de alumínio. O choro dos ciprestes.

Minha alma já não pode aqui viver e minha garganta está travada. Preciso partir. A casa velha me aguarda. Voltarei ao lugar de onde nunca deveria ter saído, muito embora não esteja certa de alguma vez lá ter estado. Não duvido de que lá estejam os meus amores, que tanta falta me fazem. Os meus anseios só podem ser atendidos pelos afetos que deixei na velha casa. Lá serei vizinha de Cora e lá farei de minha vida uma verdade que ainda é promessa.

Preciso ir. Nada mais me prende aqui.

Um comentário:

Walmir Lima disse...

Olá, Teca

Obrigado pela visita ao O Centauro. Fico feliz por conhecer uma pessoa que, como eu, admira Cora em toda sua beleza.

Um beijão

Walmir Lima