quinta-feira, 6 de maio de 2010

Cabe na Bolsa

Bom ter amigas tão antenadas, que me mandam mensagens interessantes e me despertam a vontade de escrever e contar casos.


Hoje recebi uma que falava de “bolsa de mulher”. Este assunto já estava há algum tempo me martelando os miolos. Para falar a verdade, desde que adquiri uma dor crônica no ombro, que irradia para o pescoço e se transforma em dor de cabeça, por causa delas, as bolsas. Coisas da idade madura. Nós amadurecemos e melhoramos muito, mas nossos corpos são teimosos e criam casos por qualquer besteira.

Comecei a questionar as bolsas. Resolvi aboli-las, não consegui. Era muito radical. Tentei diminuir o tamanho. Sim! A solução. Bolsas menores seriam mais leves. Comprei uma para experimentar e me vi levando uma coisa insuficiente, abarrotada, onde eu não conseguia achar nada sem tirar tudo de dentro. E ainda por cima tive que carregar outra sacola com uma porção de coisas que não cabiam na principal. Mais peso para os ombros. Então desisti do projeto e ainda descobri outras verdadeiras intenções e necessidades das minhas bolsas grandonas.

Por exemplo: uma reunião chatíssima, de professoras (e às vezes algum professor, que a maioria esmagadora é de mulheres mesmo). Tem aquela hora em que vai dando um desespero, por conta das reclamações de sempre (“essas crianças não têm limite”, “a família não dá educação em casa e sou eu que tenho que dar?”, e rátata tá tatá...). Ah! Nessas horas como é tranqüilizador mergulhar no universo singular e múltiplo da minha querida bolsa. Vou tirando as coisas, uma por uma, analisando, separando o lixo, vejo as fotos, os comprovantezinhos de compras( é interessante tentar lembrar o que foi aquela compra naquela loja. O nome que aparece no boletinho geralmente não é o nome da loja e a gente tem que fazer um esforço danado para lembrar onde comprou uma coisa de 159 reais em três vezes). E a reunião está lá, sem resolver nada, enquanto eu resolvi que preciso gastar menos. Agora, já pensou se eu não tivesse uma bolsa para mexer? Estaria comendo biscoitos, com certeza. Primeira constatação a favor das bolsas cheias de porcarias: elas emagrecem ou, pelo menos, não deixam a gente engordar muito.



Eu até pensei em encontrar outras vantagens das bolsas, sem ao menos mencionar a simples vontade de comprá-las, só por vaidade mesmo.

Mas voltando à mensagem original, o email da amiga. O texto percorria todo o caminho da vida de uma mulher e descrevia suas bolsas a partir da mais tenra infância. Bem, a primeira bolsa descrita, a bolsa de bebê, cor de rosa, cheia de fraldas etc. (não consigo descrever isso, pois não tenho mais conhecimento) não pertence à criança e sim à mãe. Então não conta. Mas a segunda é uma bolsa de “Barbie” (eca!), cor de rosa, cheia de enfeites para cabelos, celulares, batons etc., de uma menina de cinco anos. Fiquei chocada. É isso mesmo. As meninas de cinco anos, urbanas e atuais, carregam bolsinhas, ai que gracinha! Coitadinhas. Deviam carregar brinquedos, correr pelas pracinhas, subir nas árvores e fazer comidinhas de lama. Mas não. Carregam bolsinhas, dançam dancinhas sensuais e usam batom e sombra nos “olhinhos”, que fofinhas...mais uma vez coitadinhas.

Eu não sou exemplo para ninguém, lógico, mas com cinco anos eu andava livre, braços agitados ao ritmo das minhas andanças e corridas desabaladas. Nada de bolsa. Minha primeira bolsa foi aos treze ou quatorze e servia para chaves de casa, dinheiro e absorventes. Disso não se escapa. Era uma coisa apenas funcional, a tiracolo, bem anos setenta. E eu ainda andava livre, percorria três festas numa noite, passava tardes na casa de amigas de papos e trabalhos de escola. A bolsa era o de menos. Não cheirava nem fedia.

Eu era livre e não sabia. E tenho aqui uma dúvida: a bolsa se tornou indispensável na minha vida para carregar tantas coisas ou passei a carregar tantas coisas apenas para dar utilidade às bolsas?

E ainda outra dúvida: existem até muitos homens que usam bolsas ou mochilas, mas a maioria não leva nada mesmo. Como eles fazem?

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