quarta-feira, 3 de março de 2010

Um homem pra chamar de seu

Dia desses eu escrevi alguma coisa comentando sobre o livro “Por que os Homens Amam as Mulheres Poderosas?”. Hoje estava pensando sobre os homens que as mulheres amam.
As mulheres, assim no geral, fica meio complicado. Mas posso falar por mim. No máximo poderia ampliar minhas reflexões às sete ou oito amigas e confidentes.
Por que isso de novo?
Estava andando pela calçada aqui do meu aprazível bairro, quando passa por mim, acelerando o passo para me ultrapassar, um ser do sexo masculino que já tentou de várias maneiras “chegar em mim”, como diriam por aí. Primeiro então a pequena história, depois o fato recente.
Vou contar depressa. Esse cara puxou papo comigo na rua como se fosse um velho conhecido e eu fiquei sem jeito porque achei que estava deixando de me lembrar de alguém que era muito obviamente conhecido e ele me pediu logo o meu telefone novo porque não sabia que eu morava aqui na Urca etc e tal e eu dei o meu telefone só depois ele perguntou o meu nome e eu fiquei com aquela cara de tacho de goiabada que agarrou nas beiradas. Depois disso ele me ofereceu carona numa manhã cedíssimo quando eu esperava o miserável do ônibus que nunca passa na hora e no que eu descia do carro ele me agarrou e só não me tascou um beijo de língua devido à minha reação rápida e decidida. Mas fui fina e ficou tudo bem. Desde então esse homem me olha com cara de criança faminta e eu finjo que esqueci até de ter um dia olhado pra ele. Mas agora também eu sou praticamente outra pessoa e tenho o direito de não conhecer malas antigas.
Isto posto, hoje de manhã eu caminhava pela calçada e esse insistente ser passou por mim e gemeu. Sim. Gemeu. Quase no meu ouvido, como se fosse um lamento, algo como: “ah, se você me desse bola!” Olha só. (Para eu acreditar definitivamente que estou podendo e dispensar a analista está faltando só um entregador com uma dúzia de rosas na minha porta.) Afinal, não é um sujeito de se jogar fora. É advogado, mora bem, tem filho mas não tem esposa...ah!!!! Peguei aí. Segundo a minha teoria, explícita no post “Uma homenagem”... os homens bons são de dois tipos: os casados e os desencarnados. Pode ser que eu me engane.
Mas então. Por que será que ele não me interessa nadinha? Porque é disponível demais. Só isso. Homens atenciosos são uma maravilha. Em determinados momentos tentam adivinhar os nossos desejos, nos elogiam, nos incensam. Mas não sempre.
Uma vez saí com um que era até interessante. Conversamos e até daria para rolar alguma coisa. Mas, exatamente cinco minutos depois de me deixar em casa o pobre me liga dizendo que estava com saudades. Não deu mais nada. Meu coração congelou imediatamente.
Ah, como são maravilhosos os homens raros, os que estão lá, quase ao alcance das nossas mãos, mas que mantém aquele charme da existência meio misteriosa, dos encontros breves, dos telefonemas inesperados e das longas pausas. Esses são os que me encantam, como devem encantar as trufas para os gourmets, as tardes rosadas para os pintores, os silêncios para os compositores, as musas mortas para os poetas.
Vou aguardar os comentários das amigas revoltadas, que certamente me criticarão por revelar um segredo que é só meu, uma falha de caráter. Dirão que todas gostam de homens submissos e disponíveis, ternos e apaixonados. E segue a caravana que os cães continuam latindo.

Um comentário:

CHRISTINA MONTENEGRO disse...

Tenho certeza que a questão NÃO era a 'disponibilidade'; era burrice.
Homem burrinho com você? Não posso imaginar...
Eles que 'ralem os seus Espíritos'!...
BJS!