terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Aconteceu em novembro

Depois de um exaustivo dia na escola, numa sala de aula quente e mal aparelhada, cheia de alunos barulhentos e suarentos, coitados, que esse verão já beira o apocalipse, sento-me num ponto de ônibus. Já sei que vou criar raízes ali, porque os ônibus para a Urca são uma espécie de miragem. Também, quem manda morar na Urca?
Senta-se ao meu lado uma menina. Uniforme da Prefeitura do Rio, aquela coisa linda.
Saca da bolsa um celular modernérrimo e chama alguém.
- Alô! Tia! Ó, fiz um Orkut pa tu. É, eu fiz.Olha lá, botei tua foto lá. Tu tá olhado pro lado. Já arrumei um monte de amigo pa tu já. Tem a Ilane, a Cristiane, a Naryane, uma ôta lá. Depois tu olha. Tu já tá cheia de amiga já.
E continua:
- Cadê João Pedro? Ah! Tá. Tô no ponto de ônibus, tô indo pra casa, depois eu vô pa praia. Tchau.
Desliga e liga de novo. Para outra pessoa:
-Vem cá, tu tá onde? Tá de moto? Eu to esperando o ônibus. Não, não quero i com tu não. Eu vô sozinha.
Desligou e começou a ligar outra vez, para outra pessoa. Outra ligação importantíssima da qual todos estávamos sendo convidados a participar.
Bom, meus ouvidos não estavam mais agüentando e, por não desejar virar um penico eu mesma inteira, saí dali. Fui andando para casa.
É isso aí. Eu estou errada. Estou ficando exigente e desadaptada demais. Gostaria de ouvir o Português claro, minimamente bem falado. Não gosto de calor, de churrasco, de funk, de novela, nem de nada. Sou uma chata. Devia ir viver na Noruega.
Opa! Boa idéia.

Um comentário:

Sophia disse...

hahahaha, muito bom!!